Mais uma estória. :D
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Era quase meia-noite quando os olhos de Alexander tornaram-se opacos. Eles se fixaram no horizonte azul, e a mente divagava em qualquer lugar. A feição arrogante logo se desfez e, em seu lugar, despontou uma expressão de puro terror.
- O que acontece? – perguntou Naomi, colocando as mãos pequenas sobre o braço de Leon. – O que acontece, Alexander? Responda-me!
- Não seja tão ansiosa, pequena ninfa – disse Dominik com calma e tirou os óculos escuros, revelando seus olhos azuis cerúleos. – Deixe que o rapaz assista com atenção.
Naomi bufou e sentou-se próxima a uma estátua. Seus olhos varreram o grande museu e ela olhou para o teto, apreensiva. Alguns segundos depois, as portas de mogno se abriram e Sofia e Vanessa entraram no salão apressadamente.
A capa negra ondulava sobre seus tornozelos magros. Elas pararam em frente a Dominik e olharam para Alexander, que puxava o cabelo negro em desespero.
- Ele está vendo? – perguntou Sofia sem alterar a expressão imparcial. Dominik assentiu. Já Vanessa olhava para seu amigo com desespero, mordeu os lábios, mas possuía mais controle do que Naomi.
- Odeio vê-lo neste estado.
- Eu também – disse Naomi com os braços cruzados. Ela encarava Alexander. Apesar de Naomi ser de origem asiática e Alexander descendente de escoceses, era como se fossem irmãos. Gostavam de brincar, dizendo que, apesar de não terem ligações sanguíneas, suas almas eram gêmeas.
- Encontraram o que eu havia pedido? – perguntou Dominik.
- Sim, Dom – disse Vanessa, retirando cuidadosamente a adaga da bainha de couro que estava presa em sua cintura – Eis aqui a adaga com a prata mais pura dos montes Taigeto.
Dominik vislumbrou o objeto sutil nas mãos de Vanessa e, quase reverenciando, o pegou.
- O que é isto exatamente? – perguntou Naomi, tirando a atenção de Leo por alguns instantes.
- Isto, minha querida – respondeu Dominik voltando-se para ela e sentando ao seu lado – É a arma que usaremos para acabar com Spiridon.
- Esta adagazinha? – perguntou Naomi, incrédula.
- O que você esperava? – disse Dom, seco – Bombas atômicas?
Mas antes que Naomi pudesse replicar, Alexander despertou.
- Então, meu jovem – começou Dominik indo a sua direção e batendo com força no ombro dele – Localizou o inimigo?
Alexander negou. Ele parecia perdido. Dominik arreganhou os dentes e perguntou com fúria:
- E o que você estava fazendo todo esse tempo? – gritou – Vendo o Animax?
Alexander olhou para Dominik com raiva.
- Cale-se – o retrucou – Eu vi mais, muito mais. Estávamos errados, esta arma não pode ser manejada por qualquer um. Ela já escolheu seu dono.
- O que?
- Ela já escolheu seu dono. – repetiu Alexander.
- Mas como ela pode ter escolhido? – perguntou Sofia, arqueando a sobrancelha – É só uma arma.
- Achei que você tivesse percebido, Sofia, que isto não é uma arma qualquer – disse Leo encarando-a – Ela foi forjada pelos sacerdotes de Hefesto, foi ornamentada pelos filhos de Poseidon e alcunhada por Apolo. Não, ela não é só prata, Sofia. Há um poder neste punhal que deixa esse lugar enevoado e nós só conseguiremos voltar a enxergar quando ela estiver nas mãos do dono.
- Não acredito que paguei uma passagem para vocês irem à Grécia buscar este negócio e saber que não posso usá-lo – murmurou Dominik – Droga!
- E quem é esta pessoa? – perguntou Sofia – Onde está ela?
- Eu não sei quem é. – respondeu Alexander e deu um suspiro pesado e frustrado – Sei que devemos ir para Barcelona.
- Na Espanha? – perguntou Naomi, boquiaberta.
- Não, no Canadá – respondeu Vanessa, sarcástica. Não precisava se preocupar mais com Leo.
- Desse jeito, vou falir – disse Dominik levantando-se.